Na atualidade, é cada vez mais improvável que passemos um único dia sem o auxílio ou a influência dos dispositivos eletrônicos e da internet. Ter acesso à educação, à informação, a serviços e ao entretenimento é algo fundamental para todas as pessoas e constitui um universo dentro da web. No entanto, como sociedade digital, ainda estamos longe de oferecer uma comunicação realmente abrangente, que permita a todos a compreensão do que é falado, escrito ou ilustrado nos sites, blogs
e redes sociais. O momento exige que repensemos nossas noções de inclusão e acessibilidade.
De acordo com o último censo do IBGE (2010), mais de 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou têm algum grau de deficiência auditiva, outros 6 milhões possuem baixa visão ou grande dificuldade para enxergar e cerca de 529 mil são absolutamente cegos. Se somarmos a esses números mais 11,3 milhões de analfabetos acima dos 15 anos de idade e 38 milhões de jovens e adultos, entre 15 e 64 anos, que não conseguem compreender plenamente letras e números ou interpretar orientações simples em um cartaz (analfabetos funcionais), teremos pelo menos 65,5 milhões de pessoas (aproximadamente 31% da população), sofrendo algum grau de exclusão nos meios de comunicação e nas mídias sociais. Apesar disso, 69,8% dos indivíduos a partir dos 10 anos são usuários de internet
no país (segundo um levantamento de 2017 do IBGE).
Se você ficou meio confuso com o emaranhado de dados e operações matemáticas que acabamos de disparar de uma só vez, talvez tenha começado a entender o tamanho do problema e da injustiça quando o assunto é compreender uma informação. Para se ter uma ideia, em uma pesquisa realizada pelo "W3C" (consórcio internacional que organiza padrões para a web), somente 2% dos sites do Brasil foram apontados como acessíveis. É, então, urgente que tentemos encontrar soluções e ferramentas de acessibilidade para diminuir o abismo que há entre os que fazem parte dos grupos mencionados nas estatísticas e todos os demais usuários da rede.
A Absurtos Editora
acredita que a Literatura, assim como qualquer outro conteúdo, deve estar ao alcance de todo aquele que busca obter mais conhecimento. E, nesse sentido, vem anunciar suas medidas para tornar seu site
o mais acessível possível. Foram instalados três widgets
(ícones de interação) em suas páginas para que o visitante possa escolher o recurso mais adequado à sua necessidade.
O
player
da
Audima
(empresa criada em 2017, que usa inteligência artificial para converter texto em áudio) pode ser encontrado em todos os artigos do
blog
da editora. O usuário só precisa acionar o
play
para ouvir a leitura da matéria em uma voz humanizada e em português do Brasil.
No canto superior direito de todas as páginas do
site, incluindo o
blog, há o ícone do
widget
do
VLibras, que faz parte de um conjunto de
softwares
em desenvolvimento desde 2011, a partir da parceria entre o então Ministério do Planejamento e a Universidade Federal da Paraíba e que traduz conteúdos digitais para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Acessando essa funcionalidade, vemos um simpático
avatar
em 3D, chamado Ícaro (também é possível selecionar a versão feminina, que se chama Hozana). A tradução começa assim que marcamos um trecho do texto.
É importante lembrar que a primeira língua do surdo nem sempre é a Língua Portuguesa. A leitura e a escrita pressupõem uma organização textual e uma gramática que dependem de aspectos auditivos e orais. Já a língua de sinais é visual e espacial, não havendo preposições, conjunções ou muitas flexões verbais. Logo, é bastante provável que o surdo tenha dificuldades para ler e compreender integralmente o texto escrito em português.
A terceira ferramenta disponibilizada no site, cujo ícone se encontra no canto inferior direito das páginas, é a
UserWay
(
plugin
norte americano que reconhece automaticamente até 24 idiomas). Por meio dessa funcionalidade chegamos a um menu que oferece uma gama variada de recursos:
- Teclado Nav –
o usuário navega pelo site
usando apenas as teclas tab
e enter
do teclado;
- Cursor –
no primeiro clique, aumenta-se o tamanho do cursor do mouse
e, clicando outra vez, é exibida uma linha horizontal amarela, na posição do mouse, para orientar a leitura;
- Contraste+ –
a cada clique, as cores do site
são invertidas, ficam escuras ou são exibidas com contraste de luz, respectivamente;
- Texto maior –
aumenta em até quatro vezes o tamanho da fonte dos textos;
- Dessaturar –
transforma todas as cores do site
em tons de cinza, preto e branco;
- Destaque links
–
destaca todos os links
do site;
- Fontes legíveis –
altera todas as fontes do site
para uma que garanta boa legibilidade;
- Leia a página –
uma voz humanizada (em português de Portugal) lê o conteúdo da página.
Uma literatura para todos deveria ser mais inclusiva, o que a tornaria também uma literatura mais humana. E não há total inclusão enquanto os esforços não forem suficientes para satisfazer aqueles que buscam compreender e ser compreendidos. A
Absurtos Editora entende que o que implementou em seu
site ainda é pouco, mas reconhecer a urgência de meios digitais mais acessíveis é o primeiro passo para contribuir com a construção de um mundo mais justo e com direito à poesia para todos.