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A liberdade que a linguagem poética pode nos proporcionar

Rose Almeida • 5 de julho de 2019
A poesia pode ser libertadora, tanto para quem a escreve como para quem a lê. O próprio fazer poético, independentemente do assunto que aborda, pode transmutar-se em um poderoso instrumento de libertação. 
À Arte, de maneira geral, atribui-se, não raro, uma capacidade libertadora. Mas será que a Poesia, especificamente, teria o poder de libertar? E se a resposta for afirmativa, como é que simples versos realizariam essa façanha? Libertariam quem? Libertariam de quê?

Numa rápida consulta ao dicionário Houaiss, entendemos que “libertador” é aquilo ou aquele que concede a liberdade. E o agente de tal libertação poderia tornar alguém ou a si próprio livre de domínio, obstáculo ou incômodo.

É aí que nos deparamos com as teses e divagações sobre o conceito de liberdade e do que é ser livre.
 
É muito comum ouvirmos que liberdade é poder escolher. No entanto, ao optarmos por um caminho, não estaríamos automaticamente dispensando o outro? E como dizer que somos totalmente livres, quando há um conjunto de leis e costumes que barram nosso desejo assim que este interfere no direito do outro à liberdade?

Não há como escapar da dicotomia natural que envolve o debate sobre liberdade. Todo indivíduo preso deseja libertar-se? Em princípio, poderíamos dizer que sim. Todavia, não é a âncora que impede que o barco fique à deriva? Não buscamos sempre por segurança? E isso não se traduz, muitas vezes, por ter onde se agarrar, ter quem segure firme a sua mão? 

Sobre isso, inclusive, já discorria Luís Vaz de Camões em seu famoso soneto sobre o amor: “É querer estar preso por vontade”. Então, também se sente livre aquele que, em sã consciência, pode escolher amarrar-se? Eis o capricho da subjetividade e a aventura que é enveredar-se pelas discussões poéticas e filosóficas.

É dentro desse universo que a poesia pode ser libertadora, tanto para quem a escreve como para quem a lê. O próprio fazer poético, independentemente do assunto que aborda, transmuta-se em instrumento de libertação.

Em 2009, uma escritora e filósofa argentina, chamada Cristina Domenech, foi convidada a participar de um projeto da Universidade Nacional de San Martín para coordenar um curso de redação dentro de uma unidade prisional de seu país. Na primeira vez em que ela se reuniu com os presos, descobriu que eles pediram aquele curso para que pudessem colocar no papel tudo o que não podiam dizer e não podiam fazer. E foi nesse exato momento que ela decidiu levar a Poesia para dentro da prisão. 

Como nem todos dominavam a escrita e a interpretação de textos, ela começou trabalhando com poemas muito curtos, mas vigorosos. E, pouco tempo depois, todos perceberam o poder da linguagem e de que modo ela pode romper sua própria lógica e a lógica do sistema a que os detentos estavam habituados. Eles compreenderam que a linguagem poética poderia expressar tudo o que quisessem. Escreveram seus próprios poemas e, por meio da palavra, puderam alcançar uma dignidade que não conheciam.

A Poesia pode atravessar muros fisicamente intransponíveis, pois permite que o autor ou o leitor reconheçam a si mesmos nos versos e libertem-se dentro de sua própria mente.

E você, já pensou sobre o quanto a Poesia pode ser libertadora? Que tal libertar da gaveta ou das ideias um poema de sua autoria e participar do Prêmio Absurtos de Poesia 2019? O tema definido pelo regulamento do concurso é justamente Poesia Libertadora.

As inscrições estão abertas até o dia 17 de agosto de 2019 e todas as informações sobre o prêmio encontram-se no endereço www.absurtos.com/premio.
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