Vou-me embora, agora.
Mas vou deixar algumas lembranças.
Não porque eu queira ser lembrado,
mas porque, sem elas, vou mais leve.
Mais leve do que fui
e do que nunca serei.
Mais livre de todo o rancor
daquilo que não sei.
Deixo todas as notas que,
no violão que nunca tive,
jamais dedilhei.
Deixo a expressão de alegria
que ensaiei em meus sonhos,
mas a ninguém entreguei.
A vela que eu não quero ver acesa,
eu levo comigo,
mas deixo sua chama,
escondida em um canto choroso
do quintal em que eu não plantei
parte daquilo que eu nunca esperei.
Do que eu não fui, deixo toda a saudade
e as noites insones que se debruçaram
debaixo daquele pé de pitanga,
à espera de um consolo que sempre evitei.
Deixo ainda uma certa esperança
que perdi quando ainda não a tinha,
mas que, de certo modo, almejei.
Não deixo mais nada, porque, de resto,
nada mais tenho a deixar,
senão a angústia de não mais ficar.
Vou-me embora, agora.
Mas vou deixar algumas lembranças.
Não porque eu queira ser lembrado,
mas porque, sem elas, vou mais leve.
Mais leve do que fui
e do que nunca serei.
Mais livre de todo o rancor
daquilo que não sei.
Deixo todas as notas que,
no violão que nunca tive,
jamais dedilhei.
Deixo a expressão de alegria
que ensaiei em meus sonhos,
mas a ninguém entreguei.
A vela que eu não quero ver acesa,
eu levo comigo,
mas deixo sua chama,
escondida em um canto choroso
do quintal em que eu não plantei
parte daquilo que eu nunca esperei.
Do que eu não fui, deixo toda a saudade
e as noites insones que se debruçaram
debaixo daquele pé de pitanga,
à espera de um consolo que sempre evitei.
Deixo ainda uma certa esperança
que perdi quando ainda não a tinha,
mas que, de certo modo, almejei.
Não deixo mais nada, porque, de resto,
nada mais tenho a deixar,
senão a angústia de não mais ficar.