Poemas

O que é, por favor, uma reserva natural?
Eu já ouvi os homens perguntarem,
Mas sua ironia ficou no chão.
O que é, por favor, um bicho selvagem,
Uma inteligência artificial?
Corpos afundam na arenosa cama dos consultórios,
Miram a vegetação eletrônica dos escritórios,
Vazam pelas escadas d’água dos condomínios
no prolongamento das monções e pororocas da cidade.
Pessoas levantam suas crinas valiosas em lojas
E se alimentam com coisas esponjosas.

Às vezes, escuto lamentações baterem nas paredes
Disfarçadas de beleza e teoria. Elas se agitam,
Em um segundo elas claudicam
E cantam suas paixões como animais alheios ao eterno.
E como animais, passam os homens o tempo,
Com olhos colados no instante que não passa.

E todas as lamentações têm cor e forma de utilidade.
E todos vão ainda riscando o azul com dramas.
Sintetizando música com o ácido da flora intestinal.
Quem ainda está ali à beira da rua com uma vara na mão?
Pesca pessoas, o infeliz, como se pescadas e retiradas do mar
Elas encontrassem vida.
Mas ele é só uma estampa de camisa ruminando o perdão.vv