Me alegra o movimento
ainda possível, porém triste.
O grito que não pode calar o Não!
Não aceito! Não concordo! Não me calarei!
Não morrerei sem antes resistir
a toda violência, hoje a nós direcionada.

Existindo, sonhando
e lutando por tempos melhores.
Me entristece e me alegra o movimento,
cuja existência deve-se
ao transparente sufocar de almas.
A minha, a sua, a nossa.

Luta contra o escancarado e sangrento frio,
de uma guerra fria sem cara,
escancaradamente descarada e direta.

O movimento do movimento
que me entristece.
Onde o desequilíbrio é equilíbrio
na lógica da barbárie.

Há de me abalar o abalo da bala.
A súplica por dias melhores.
O grito que não foi sufocado
e saiu em forma de ato, de dança,
de canção, de poesia, de movimento.