POEMAS

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Elogio das pombas
Elogio das pombas
Adriano Girelli
Adriano Girelli
Não só de manta pútrida,
farrapos de estopa,
capotes encardidos e perfurados
por fumantes adormecidos
é que se vestem as pombas da cidade.

Guirlandas, confetes ácidos,
batons de glicerina, perucas de ouro em pó
e sandálias de prata, às vezes,
enfeitam a madame das aves.

Não, pavão. Tu não podes mais ser eleito
o rei momo deste país com trinta e três,
33 milhões de habitantes
sem acesso à água potável. Não!
A pomba é a nossa imagem e semelhança.
A pombice, uma virtude irrevogável.
Pois não é claro?

Com ou sem pernas elas vão deslizando
entre a merda do cão,
os sonhos dos desempregados,
os vícios dos sobreviventes
e os poemas da mulher
recostada no banco desta praça,
que trouxe as próprias unhas como marmita.
Ah, minhas pombinhas!
Vou fazer de meus olhos suas migalhas de pão.
Não só de manta pútrida,
farrapos de estopa,
capotes encardidos e perfurados
por fumantes adormecidos
é que se vestem as pombas da cidade.

Guirlandas, confetes ácidos,
batons de glicerina, perucas de ouro em pó
e sandálias de prata, às vezes,
enfeitam a madame das aves.

Não, pavão. Tu não podes mais ser eleito
o rei momo deste país com trinta e três,
33 milhões de habitantes
sem acesso à água potável. Não!
A pomba é a nossa imagem e semelhança.
A pombice, uma virtude irrevogável.
Pois não é claro?

Com ou sem pernas elas vão deslizando
entre a merda do cão,
os sonhos dos desempregados,
os vícios dos sobreviventes
e os poemas da mulher
recostada no banco desta praça,
que trouxe as próprias unhas como marmita.
Ah, minhas pombinhas!
Vou fazer de meus olhos suas migalhas de pão.

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