Vou à Feira do Malhado
procurar um peixe fresco.
Dou-me à rua e atravesso,
faço tudo pelo avesso.
Vou primeiro na caninha,
pois ninguém se faz de ferro.
Desculpo-me com Carminha
por não levar o seu tempero.
No açougue do Caçula,
chã de dentro, cruz machado
e patinho e picanha
fazem na boca aguado.
Tantos cortes me oferece
mas, cortês, eu os recuso.
Vou seguindo a viagem,
não revelo o que procuro.
Passo em frente ao paço escuro
por bueiros mal-cheirosos,
tateando o que procuro
passo por cima de ossos.
Peles, pelos, gente andando,
subo e desço por vielas,
chupo umbus e tamarindos,
acerolas, seriguelas.
Dominós, dado e baralho,
muita gente se apertando.
“Vai pra casa do caralho!”
Eu escuto alguém xingando.
Me divirto com Arlindo,
que do Bosque Esplanada
diz, altivo e sorrindo:
“Peixe fresco que é bom, nada!”
Peixe fresco já nem sei
se era do que eu precisava.
Acho até que me enganei,
gostei mesmo foi da andada.
Vou à Feira do Malhado
procurar um peixe fresco.
Dou-me à rua e atravesso,
faço tudo pelo avesso.
Vou primeiro na caninha,
pois ninguém se faz de ferro.
Desculpo-me com Carminha
por não levar o seu tempero.
No açougue do Caçula,
chã de dentro, cruz machado
e patinho e picanha
fazem na boca aguado.
Tantos cortes me oferece
mas, cortês, eu os recuso.
Vou seguindo a viagem,
não revelo o que procuro.
Passo em frente ao paço escuro
por bueiros mal-cheirosos,
tateando o que procuro
passo por cima de ossos.
Peles, pelos, gente andando,
subo e desço por vielas,
chupo umbus e tamarindos,
acerolas, seriguelas.
Dominós, dado e baralho,
muita gente se apertando.
“Vai pra casa do caralho!”
Eu escuto alguém xingando.
Me divirto com Arlindo,
que do Bosque Esplanada
diz, altivo e sorrindo:
“Peixe fresco que é bom, nada!”
Peixe fresco já nem sei
se era do que eu precisava.
Acho até que me enganei,
gostei mesmo foi da andada.