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O julgamento de Jairo (trecho)
O julgamento de Jairo (trecho)
Aléxia Moura
Aléxia Moura
Decerto recordam que Jairo
Em meados daquele dia
Foi flagrado e consigo trazia
Palavra de que não era dono
Posto o enfado pelo qual me tomem
Nem precisarei dizer que este homem
Não passa de um gatuno medonho

E como bem devem saber
Manda a etiqueta desta capital
Que de cada capa de jornal
Metade bajule o sangue nobre
E a outra metade julgue esta ala pobre
Que, a não me falhar a memória
Devo ter dito ao começo da história
Batizaram marginal

Queridos amigos
Cidadãos de bem
Acaso me digam quem tem
Deste um qualquer defesa
Eu por mim pulo a janta e a sobremesa
Será tirar as algemas dos pulsos
E pedir deste Jairo a cabeça
Ouçam, ouçam! Vejo um braço
Por acaso
Este moço, todo em requinte, pomposo
Quer endossar minha fala?

Mas que é disto? E quem me cala?
Quem vos deu tal incumbência?
Excelência!
Um favor, digo a vocês
Eu não entendo de leis
Eu só entendo de prensa
E disse a Jairo que compensa, desde logo, perder sangue
Por ver a ferida estanque
Esta lepra que nos fere, qual larva
E direi que a palavra, quem deu a Jairo fui eu!

Eu quem a prometeu
Eu quem o disse: leva! Semeia e verás, qual erva
É palavra em solo firme
Sendo assim não vejo o crime
Que vos ocupou a tarde
Não passa de outro alarde
Que se puna quem mereça
Querem com isso é que se esqueça
Da fome, da desonesta sede
Pela qual o homem com capital
Aquela capa de jornal
Joga um Jairo na cadeia
Com uma mão e com a outra
Ceia
Ateando os farelos para debaixo do tapete
Decerto recordam que Jairo
Em meados daquele dia
Foi flagrado e consigo trazia
Palavra de que não era dono
Posto o enfado pelo qual me tomem
Nem precisarei dizer que este homem
Não passa de um gatuno medonho

E como bem devem saber
Manda a etiqueta desta capital
Que de cada capa de jornal
Metade bajule o sangue nobre
E a outra metade julgue esta ala pobre
Que, a não me falhar a memória
Devo ter dito ao começo da história
Batizaram marginal

Queridos amigos
Cidadãos de bem
Acaso me digam quem tem
Deste um qualquer defesa
Eu por mim pulo a janta e a sobremesa
Será tirar as algemas dos pulsos
E pedir deste Jairo a cabeça
Ouçam, ouçam! Vejo um braço
Por acaso
Este moço, todo em requinte, pomposo
Quer endossar minha fala?

Mas que é disto? E quem me cala?
Quem vos deu tal incumbência?
Excelência!
Um favor, digo a vocês
Eu não entendo de leis
Eu só entendo de prensa
E disse a Jairo que compensa, desde logo, perder sangue
Por ver a ferida estanque
Esta lepra que nos fere, qual larva
E direi que a palavra, quem deu a Jairo fui eu!

Eu quem a prometeu
Eu quem o disse: leva! Semeia e verás, qual erva
É palavra em solo firme
Sendo assim não vejo o crime
Que vos ocupou a tarde
Não passa de outro alarde
Que se puna quem mereça
Querem com isso é que se esqueça
Da fome, da desonesta sede
Pela qual o homem com capital
Aquela capa de jornal
Joga um Jairo na cadeia
Com uma mão e com a outra
Ceia
Ateando os farelos para debaixo do tapete

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