ANTOLOGIA


Jardineiro

César Borralho

(São Luís/MA)

Há um cheiro que ficou no ar
desde que você se foi.
Comprei pá, sacho e um regador
que não pretendo usar.

Pretendo, ao que me permitas,
conduzir tua lavoura no poente
proporcionando ao árido o fértil,
germinando a poesia das sementes
ainda verdes no jardim do teu olhar.

Em tua boca o outono em ventania é o sorriso
que dobra o xaxim à samambaia, ao movê-la,
assim como um pássaro abraça as estrelas
em todo silêncio que é preciso para dobrar
a gaiola em seu voo ou pensamento.

Lembra-te que, por virtude divina ou maldade,
virá o derradeiro anoitecer (o Jardineiro),
com luvas de primavera e tesoura
que não pretende usar.

Com terra ancestral – negra borracha,
irá desmanchar a mão que escreve,
como o lápis de sol desenha,
com técnica de bonsai, água na neve.
Há um cheiro que ficou no ar
desde que você se foi.
Comprei pá, sacho e um regador
que não pretendo usar.

Pretendo, ao que me permitas,
conduzir tua lavoura no poente
proporcionando ao árido o fértil,
germinando a poesia das sementes
ainda verdes no jardim do teu olhar.

Em tua boca o outono em ventania é o sorriso
que dobra o xaxim à samambaia, ao movê-la,
assim como um pássaro abraça as estrelas
em todo silêncio que é preciso para dobrar
a gaiola em seu voo ou pensamento.

Lembra-te que, por virtude divina ou maldade,
virá o derradeiro anoitecer (o Jardineiro),
com luvas de primavera e tesoura
que não pretende usar.

Com terra ancestral – negra borracha,
irá desmanchar a mão que escreve,
como o lápis de sol desenha,
com técnica de bonsai, água na neve.

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César Borralho – Sou maranhense, pai de Frederico, professor de Filosofia e faz 20 anos que fiz 20 anos. Fui premiado e participei de coletâneas em festivais, sendo um dos mais relevantes o da Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro (Apperj). Poesia é-me uma segunda dimensão sobre a pele da primeira. Entre todas as coisas importantes de que já “desisti” na vida, esta não é uma delas. Os poemas se revelam na imagem que soluço, tusso ou suspiro e o papel não fica obscuro ou vazio. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. Um dia eu serei poeta!
César Borralho – Sou maranhense, pai de Frederico, professor de Filosofia e faz 20 anos que fiz 20 anos. Fui premiado e participei de coletâneas em festivais, sendo um dos mais relevantes o da Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro (Apperj). Poesia é-me uma segunda dimensão sobre a pele da primeira. Entre todas as coisas importantes de que já “desisti” na vida, esta não é uma delas. Os poemas se revelam na imagem que soluço, tusso ou suspiro e o papel não fica obscuro ou vazio. Poesia é o vento que leva o barco quando barco não há. Um dia eu serei poeta!
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