ANTOLOGIA


Barba azul

Paloma Pinheiro

(São Paulo/SP)

Por todas as portas jamais abertas,
por todos os cômodos jamais encontrados,
pelos esqueletos-fêmeas, de corpos calados.

Escutando o brado
das minhas irmãs de espírito
e anunciando a chegada dos irmãos num grito,
eu vou brindar a perda da inocência
com as gotas que escorrem
pelas chaves do meu corpo.

Eu vou quebrar o espelho turvo e torto
que cospe entre os meus seios
os reflexos dessa barba azul.
E com os cacos, de norte a sul,
eu vou esquartejar sua prepotência,
que a cada entardecer
sussurrava aos meus ouvidos
a paralisia gelada, lenta
e dolorosa da liberdade.

A verdade farejou a próxima chacina.
Meu predador será banquete
para as aves de rapina
até que cada cisco da mais obscura sombra
seja elevado às alturas
e entregue em homenagem
como oferenda à consciência selvagem.
Por todas as portas jamais abertas,
por todos os cômodos jamais encontrados,
pelos esqueletos-fêmeas, de corpos calados.

Escutando o brado das minhas irmãs de espírito
e anunciando a chegada dos irmãos num grito,
eu vou brindar a perda da inocência
com as gotas que escorrem pelas chaves do meu corpo.

Eu vou quebrar o espelho turvo e torto
que cospe entre os meus seios
os reflexos dessa barba azul.
E com os cacos, de norte a sul,
eu vou esquartejar sua prepotência,
que a cada entardecer sussurrava aos meus ouvidos
a paralisia gelada, lenta e dolorosa da liberdade.

A verdade farejou a próxima chacina.
Meu predador será banquete para as aves de rapina
até que cada cisco da mais obscura sombra
seja elevado às alturas e entregue em homenagem como oferenda à consciência selvagem.

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Paloma Pinheiro – Sou psicóloga e escritora. O olhar poético e a escrita, enquanto experiência libertadora, me acompanham desde a infância. No ano de 2016, publiquei meu primeiro livro independente de poesia autoral, Alcachofra: esboço de um despetalar, no qual proponho um percurso em direção à parte mais fosca, porém mais essencial da nossa existência.
Paloma Pinheiro – Sou psicóloga e escritora. O olhar poético e a escrita, enquanto experiência libertadora, me acompanham desde a infância. Em 2016, publiquei meu primeiro livro independente de poesia autoral, Alcachofra: esboço de um despetalar, no qual proponho um percurso em direção à parte mais fosca, porém mais essencial da existência.
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